“Sentir é inevitável, sofrer é uma opção”: a legitimação do sofrimento emocional é o que possibilita superá-lo

Ana Luisa
Ana Luisa

Psicóloga

       Por muito tempo o acompanhamento psicológico foi visto e considerado como último recurso para casos de sofrimento psíquico intenso e até mesmo associado a psicopatologias e quadros de “loucura”, mas a Psicologia, como campo da ciência, vem cada vez mais desconstruindo esses estigmas e contribuindo para a sociedade com os seus saberes e serviços voltados para o cuidado com a saúde mental.

       O sofrimento emocional não é mais considerado algo desviante, mas sim como algo que constitui todos nós. Compreende-se como sofrimento emocional tudo aquilo que, de alguma forma, desorganiza o sujeito e gera algum tipo de mal estar, como por exemplo manifestações frequentes da ansiedade. Nem sempre a fonte do sofrimento emocional é clara, assim como o quanto isso afeta as pessoas e sua qualidade de vida, e isso por vezes já é fator desencadeante de um sofrimento emocional significativo.

       São importantes indícios para se buscar ajuda especializada quando esse mal estar emocional causa sensações de paralisia e desnorteamento (não conseguir/não saber o que fazer), mais angústia e até mesmo um estado de humor deprimido e/ou ansioso, além da identificação de que não se está conseguindo lidar com isso tudo sozinho/a e precisa de suporte e auxílio para isso. 

       Já diria uma frase popular, “sentir é inevitável, sofrer é uma opção”. Em psicoterapia, de forma conjunta e segura, temos como objetivo construir um caminho que leve ao distanciamento desse sofrimento, mas essa é a etapa final dessa jornada. Identificação, legitimação e aceitação são os pontos a serem trabalhados em psicoterapia e que tornam esse processo possível: contornar o sofrimento sem antes o conhecer e de fato experienciá-lo nunca resultará em mudança. Temos inúmeros conceitos e compreensões em torno do termo “sofrimento emocional”, mas o que mobiliza e o quanto afeta cada um é muito particular, sendo necessário então esse “mergulho” em nós mesmos/as.